Psicólogo é coisa de "doido"?

Quando decidi pela psicologia, muitas pessoas questionaram minha escolha, pressupondo que eu teria que lidar com “pessoas loucas, doentes, problemáticas”. Esse preconceito se consolidou na sociedade devido à herança da higienização, em que os “loucos” foram retidos, colocados em manicômios, separados da sociedade para não incomodar os “saudáveis”. Assim, passou-se a acreditar que psicólogo e psiquiatra deveriam apenas cuidar daqueles acometidos com uma psicopatologia severa.

Ainda que o tratamento da “loucura” tenha mudado e esteja mais humanizado, infelizmente ainda é muito comum associar o tratamento psiquiátrico ou psicológico à condição de estar “maluco”, já que, mesmo quando a pessoa não verbaliza essa ideia, acaba demonstrando sua resistência em iniciar psicoterapia quando é necessário.

Na verdade, buscar ajuda psicológica demonstra uma força muito grande e uma lucidez maior ainda, pois aceitar que precisa de ajuda e buscar um caminho para mudanças são desafios grandiosos e que muitas vezes não estamos dispostos a lidar. O psicólogo cuida daquilo tendemos a negligenciar ou colocar em último plano: a saúde mental.

Se consultar com psicólogo pode sim ser coisa de louco: DE LOUCO POR MUDANÇAS, DE ÁVIDO POR MELHORA DA SAÚDE MENTAL!

Já parou para pensar que uma dor ou um machucado te fazem correr ao pronto socorro para buscar alívio? E que você costuma investir na prevenção de doenças físicas, cuidando do seu corpo?

Por outro lado, uma ferida ou uma dificuldade emocional, que mesmo acarretando inúmeros prejuízos físicos, mentais, comportamentais e sociais, é negligenciada ou não recebe importância, porque não é vista a olho nu ou passível de constatação por exames clínicos.

Então, não se prenda a esse preconceito. Se consultar com psicólogo pode sim ser coisa de louco: de louco por mudanças, de ávido por melhora da saúde mental e por necessidade de evoluir em algum aspecto da vida. 

Susane Sousa

Psicóloga CRP MG/51831